Arquivo da categoria: Empresas internacionais na China

Exigência de QI

Não, não tem nada a ver com o famoso “quem indica”, tão popular na China. A empresa de outsourcing Bleum, sediada em Xangai, conseguiu chamar a atenção do mundo com outro QI, adotado em seu processo de seleção de empregados. Na primeira etapa, os candidatos devem alcançar um quociente de inteligência mínimo, num teste aplicado pela companhia. A curiosidade é a seguinte: para candidatos dos EUA, a marca a ser batida é 125; para candidatos chineses, é 140. Segundo a Bleum, que emprega cerca de mil pessoas, a diferença de critério se deve ao fato de haver muito mais candidatos chineses do que americanos. “É mais difícil entrar na Bleum do que em Harvard”, disse o executivo-chefe Eric Rongley à Computerworld.

Vida e morte na Foxconn

Sempre que comento que muitos chineses sonham em vir para o Brasil tentar a vida, alguém reage com surpresa, como se a idéia fosse absurda diante do grandioso crescimento econômico da China. Pois é justamente um dos pilares desse crescimento – o baixíssimo custo da mão-de-obra – que mantém o desejo de migrar em parte da população.

A imprensa mundial tem divulgado, nos últimos dias, mais um caso de suicídio numa fábrica da Foxconn, fabricante de componentes e equipamentos eletrônicos, em Shenzhen. O número de mortes em episódios semelhantes, em meio ano, já chega a sete.

A explicação? As condições extremas de trabalho nas fábricas.

Relato publicado pelo jornal chinês Southern Weekly (em chinês) e divulgado pelo site Gizmodo (em inglês) aponta para um cotidiano extenuante, com jornadas de 10 a 11 horas diárias, das quais até 8 horas de pé, interrompidas apenas brevemente para refeições. Os operários – até 400 mil numa única fábrica! – vivem longe da família e descansam em dormitórios apinhados. O salário inicial é de 900 yuan (US$ 130 ou R$ 240).

A empresa atribui os suicídios (e dezenas de tentativas) a problemas emocionais e familiares e à solidão. Alega que estabeleceu linhas telefônicas para prestar apoio aos funcionários, montou “salas antiestresse” e criou um bônus para quem alertar a gerência sobre colegas com problemas. Até monges budistas foram contratados.

Os suicídios, ressalte-se, não são exclusividade da Foxconn. Há dois anos, a Huawei enfrentou uma onda semelhante, com relatos extra-oficiais de mais de 30 mortes.

Obs.: A Foxconn é fabricante de grande parte dos produtos vendidos por empresas como Apple, HP, Dell…

China pode barrar a Microhoo!

Desde fevereiro, circulam rumores de que a empresa chinesa Alibaba poderia tentar interferir na tentativa de aquisição da Yahoo! pela Microsoft. O problema é que, ao comprar 39% do capital da Alibaba em 2005 (por US$ 1 bilhão), a Yahoo! também lhe deu o direito de participar de decisões sobre a transferência dessas ações para outras companhias. Na edição da última sexta-feira, o New York Times aponta para um agravante: entrará em vigor, no dia 1º de agosto, uma lei com intuito de tornar mais rígidas as regras antitruste na China. E tudo que é antitruste cheira a dor de cabeça para a Microsoft. Uma possível saída é a recompra da participação da Yahoo! – e a posterior revenda dessa fatia para a Google.

. China Law Could Impede Could Impede Microsoft Deal for Yahoo (New York Times, em inglês)

Segurança hi-tech causa polêmica

Empresas americanas estão lucrando alto com os preparativos de segurança para os Jogos Olímpicos de Pequim, este ano, e para a World Expo (Xangai) e os Jogos Asiáticos (Cantão), em 2010. O New York Times informa que gigantes como Honeywell, General Electric, United Technologies e IBM trabalham na instalação de sistemas sofisticados de gravação e análise de vídeo que serão usados pelas autoridades no controle de locais públicos. O Ministério de Segurança Pública chinês prevê a instalação de até 300 mil câmeras nas maiores cidades.

A transferência de tecnologia de monitoramento causa polêmica. Nos Estados Unidos. Críticos citam uma lei que proíbe o fornecimento de “instrumentos ou equipamentos de controle ou detecção de crimes” à China, mas o Departamento de Comércio e as empresas argumentam que os sistemas servem para controle de invasões, tráfego e movimento, com aplicação industrial e civil.

. China Finds American Allies for Security (New York Times, em inglês)

China derruba exportação de produto hi-tech do Brasil

Valor Econômico de hoje publica matéria sobre a competição entre Brasil e China no mercado de tecnologia. Ela é fechada para assinantes, mas segue abaixo alguns destaques e números.

Astronauta Chinês - demonstração de superioridade tecnológica e militar

Cada vez mais se desfaz a imagem da China como um mero país de mão-de-obra barata com produtos de baixa qualidade. Enquanto aquele país vende produtos de alto valor agregado para EUA e Europa, vem a sobra do tacho dos produtos devolvidos para o Brasil, por isso a nossa percepção de mercadorias ruins. Não que os gringos só comprem coisa boa, mas é uma combinação de qualidade e preço.

. Em 2006, a China exportou US$ 100 bilhões em produtos de alta tecnologia para os Estados Unidos, mais do que as vendas somadas (US$ 88 bilhões) de Japão, Canadá, Brasil, França e Alemanha para o mercado americano;

. produtos hi-tech responderam em 2006 pela maior parcela das vendas totais do país, 34,5%, (US$ 334,4 bilhões), enquanto que produtos de baixa tecnologia foram de 28% (US$ 218 bilhões).

. Declaração de Carlos Cavalcanti, diretor-adjunto do departamento de comércio exterior da Fiesp, que está há 15 dias viajando pela China. “O principal problema do Brasil não é a China, mas o próprio Brasil e a ausência de uma política de desenvolvimento“;

. “Segundo Bruno César Araújo, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada (Ipea), a mudança na pauta exportadora da China é fruto de um esforço deliberado do governo de investir em educação e formar uma classe média qualificada em física e ciências naturais, matérias importantes para fomentar a inovação. Outro fator óbvio é o custo da mão-de-obra, que é um dos mais baixos do mundo.

. “As exigências de Pequim de formação de joint ventures e transerência de tecnologia – aliada ao pouco respeito à propriedade intelectual – contribuem para o avanço da China em pesquisa e desenvolvimento” – Maurício Moreira Mesquita, economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);

. Japão é o país que mais perdeu participação para a China em produtos de alta tecnologia, com as exportações da categoria para os EUA caindo de US$ 44 bilhões em 1999 para US$ 33 bilhões em 2006. Europa também foi impactada, mas perdeu bem menos;

. “A transferência das empresas japonesas, coreanas ou americanas para a China não significa prejuízos imediatos. Pelo contrário. Pagando barato pelo mão-de-obra, as empresas lucram mais e remetem mais dividendo para os países de origem. O problema é que os chineses aprendem rápido e já estão produzindo tecnologia de ponta. Os economistas acreditam que o caminho para o Brasil e outros países é apostar em nichos de alta tecnologia na esperança de que os chineses não sejam bons em tudo“;

. Ponto relevante que já comentei aqui, principalmente para empresas brasileiras. Uma boa parte das exportações chinesas são de encomenda direta de companhias americanas, européias e japonesas, ou seja, são estrangeiros que estabeleceram operação ou forte parceria local. Tanto é que a gritaria dos empresários ocidentais contros os chineses já diminuiu muito. Quem continua reclamando, com razão, são os que perderam emprego.

. China derruba exportação de produto hi-tech do Brasil (Valor Econômico)

Capital chinês no Joost

A poucos dias da estréia, o serviço de tv na internet Joost recebe nova rodada de investimentos. Entre os investidores estão Sequoia Capital (Apple, Yahoo, Youtube e Google), Index Ventures (Skype, Google, etc), CBS Corporation (rede CBS de televisão), Viacom (holding da MTV) e o bilionário chinês Li Ka-shing.

Li é o 9o. no último raking dos mais ricos da Forbes e tem participação em ramos tão diversos quanto terminais de container, companhia elétrica, construção civil, imóveis, telefonia celular e tecnologia. Nesse último, é um dos principais acionistas da Tom.com, empresa de mídia online que ajudou a popularizar o Skype na Ásia e recentemente adquiriu as operações do eBay na China.

MySpace.cn

O MySpace, adquirido por mais de US$ 500 milhões pela News Corp do magnata da mídia Rupert Murdock (também dono da Fox, Sky, entre outros), lançou sua versão em chinês.

Bill Bishop, do blog billsdue, detalha um pouco mais a entrada do site na China (MySpace China Launching Friday). Curiosamente, o MySpace é um site de comunidade online que (ainda) não pegou no Brasil, mas vamos receber nossa versão em breve (MySpace quer lançar versão do site em português). Vamos ver no que dá, porém, pelo histórico os usuários brasileiros não são tão ligados em montar sites pessoais, preferindo mais os aspectos de relacionamento e conversação.

Google correndo por fora na China

Já comentei aqui antes sobre a posição do Google na China, onde corre atrás do líder Baidu (O inimigo chinês da Google). Os últimos dados indicam melhorias no market-share 2006 e queda brutal do Yahoo!: Baidu 55,2% (28,7 em 2005), Google 21,7% (16% em 2005) e Yahoo! 7,2% (29,8%).

Pois alguns negócios recentes podem, se não virar o jogo, pelo menos melhorar ainda mais a situação. A empresa americana fechou parceria com as principais operadoras de telefonia do mercado chinês, China Mobile e China Netcom de celular e China Telecom de fixa.

Isso é significativo principalmente porque conteúdo e serviço para telefonia celular é uma das principais fontes de receita de portais de internet na China.

. Google’s Carrier Deals Post Challenge to Baidu (China Tech Stories, em Inglês)

SecondLife do Google Made-In-China

O blog de tecnologia GigaOm comenta rumores sobre um projeto de metaverse (meta+universe) do Google, um universo online como o SecondLife. Parte está sendo feito internamente e parte terceirizada pra uma companhia chinesa.

Seria algum dos grandes players (Shanda, TheNine, NetEasy) ou uma produtora emergente?

A relevância do mercado e o know-how de empresas chinesas na área de online games contribui para que o país seja um dos epicentros do setor de jogos pela internet, junto com a Coréia. E certamente mais uma evidência de que a China não é mais uma mera copiadora e importadora de tecnologia.

Diversas empresas brasileiras avançam nesse setor, mas, entre outras coisas, ainda faltam, por aqui um mercado consumidor estabelecido como o chinês (em outra época, essa frase poderia soar estranha – dizer que a China tem um mercado mais evoluido) e um modelo de negócios consolidado, baseado no pagamento por uso/mensalidade como usado naquele país (como alternativa à pirataria de softwares em caixinha). Esse projeto poderia muito bem ter vindo para uma produto brasileira.

. Google Metaverse, Made in China? (GigaOm, em Inglês)

Outros links sobre tecnologia do ArquivoChina.com:

. (Muitos) Americanos acreditam que próximo Bill Gates virá da China ou do Japão

. Nova chance para o Yahoo! na China (em b2b)

. QQ maior do que MSN messenger – pra que email se tenho QQ?

McDonald’s sim, Starbucks não

A abertura do primeiro McDonald’s na China, 15 anos atrás em Pequim, é até hoje um símbolo das mudanças políticas, econômicas e culturais no país. Bem, se para alguns naquele momento os chineses “venderam a alma ao diabo”, parece que tem gente querendo comprá-la de volta.

Segundo relatos de agências de notícias, os diretores da Cidade Proibida estariam propensos a fechar uma loja da rede Starbucks instalada no complexo em 2000, em resposta a uma campanha online. Um porta-voz informou que a decisão sairá até junho.

A campanha contra o Starbucks da Cidade Proibida foi iniciada no blog de um apresentador do canal estatal CCTV. Para Rui Chenggang, a presença da cafeteria “compromete o ar solene da Cidade Proibida e atropela a cultura chinesa”. Em resposta, a empresa declarou “apreciar a história e a cultura da Cidade Proibida” e disse “operar de uma maneira respeitosa e adequada ao ambiente”.

Nova chance para o Yahoo! na China (em b2b)

Jack Ma, CEO da Alibaba, empresa que controla o Yahoo! na China, disse em entrevista recente que reposicionará a operação chinesa do portal americano para o público de maior poder aquisitivo e mais interessado em negócios. Isso daria nova vida ao site na China e, principalmente, evitaria o confronto direto com o principal concorrente, o site de busca chinês Baidu, que segundo Ma, é mais voltada para jovens de menor poder aquisitivo.

Será a terceira mudança de estratégia do Yahoo! naquele país. Apesar de ter entrado na China há bastante tempo e um dos fundadores ter sangue chinês (Jerry Yang nasceu em Taiwan e criou a empresa quando estudava nos EUA), o Yahoo! nunca passou de um coadjuvante.

Em 2005, a companhia americana repassou as suas operações chinesas para o Alibaba, em troca de 40% de participação nesta última. Sob a gestão de Ma, cuja empresa é o maior portal de negócios entre empresas do mundo, o site americano passou por 2 importantes mudanças: primeiro focou totalmente em busca, como o Google; e depois repaginou-se como portal, com busca, serviços e notícias.

Esse (3o.) novo direcionado faz sentido dentro da estratégia global de Jack Ma, pois o portal americano poderá alavancar-se sobre o market-share e público cativo que o Alibaba já possui (base de 160 mil companhias e 15 milhões de usuários, em 2006). O próprio empresário já havia antecipado a intenção em Julho do ano passado:

“… os cinco fatores de sucesso são: mercado eletrônico (Alibaba.com e TaoBao); credibilidade (que ajudou a construir uma base de 160 mil companhias e 15 milhões de usuários); sistema de pagamento (AliPay, que movimentou no ano passado US$ 700 milhões); mercanismo de busca (Yahoo! China) e um quinto que será lançado nos próximos dois anos.”

Pessoalmente torço para dê certo. A simpática empresa do Y quebrou a monotonia do cinza na internet com sua irreverência e cores bizarras (lilás e amarelo) e Jack Ma é um tremendo empreendedor, símbolo da alta tecnologia em um país reconhecido como de baixa tecnologia, com sua Alibaba candidata a liderança global.

. Yahoo China Portal to Be Reorganize (FoxNews, em Inglês)

Outros links ArquivoChina:

. Jack Ma: O que vamos fazer amanhã? Dominar a internet

. Baidu: o inimigo chinês da Google

. eBay, derrotada, saindo da China

O inimigo chinês da Google

Interessante história de persistência e sucesso do empreendedor-fundador da Baidu, principal concorrente da Google na China, onde detém participação de 57% contra 33% da empresa americana (dados de 2005).

Atualmente a Baidu está avaliada em aproximadamente US$ 2,88 bilhões e já teve entre seus acionistas a própria Google, que investiu US$ 5 milhões no ano passado para levar US$ 60 milhões no IPO da empresa chinesa.

. The Rise of Baidu (That’s Chinese for Google) (New York Times, em Inglês)

eBay, derrotada, saindo da China

Fontes do ShanghaiDaily informam que a eBay está de saída da China. A operação de c2c (consumer-to-consumer), juntamente com a subsidiária de pagamentos online PayPal, será vendida ao portal Tom.com, que já é parceiro da empresa americana na versão chinesa do Skype (outra subsidiária da eBay).

A eBay entrou no mercado chinês em 2003 através da compra da empresa de leilão online EachNet, na época com mais de 90% de market-share. Depois que o b2b Alibaba.com lançou sua própria versão de c2c (sem taxa de anúncio), o TaoBao, a participação da empresa americana caiu para 30%.

O CEO da Alibaba.com, Jack Ma, já tem antecipado a derrota do concorrente ocidental há tempos. Ele é um típico empreendedor/executivo estrela que aparece mais do que a sua própria empresa. De qualquer forma, a estratégia de não cobrar pela taxa de anúncio (eBay acabou tendo que acompanhar) e seu melhor conhecimento do mercado chinês falaram mesmo mais alto.

Outro motivo para a saída dos americanos é o endurecimento da legislação relativa ao pagamento online. Como não encontraram parceiros locais para o PayPal, a saída será mesmo sair (!!).

. Report: Tom.com to buyout eBay China, PayPal (ShanghaiDaily, em Inglês)

Outros posts do ArquivoChina sobre E-commerce e internet na China

. US$ 68,9 bilhões: vendas do e-commerce chinês em 2005

. Do virtual pro real (221 milhões de usuários de IM = qtos pares de tênis?)

. Oportunidade de negócios: 123 milhões de internautas chineses

. R$ 1,1 bilhão: faturamento da publicidade (propaganda) online na China em 2006

Reformas cuidadosas na China

Entrevista para o Valor Econômico do economista-chefe do HSBC na China, Qu Hongbin.

Reformas cuidadosas na China

“Baseado em Hong Kong, o economista duvida que o aumento do direito de voto da China no FMI resulte em mudança na política cambial. Hongbin admite que há distorções nas estatísticas econômicas chinesas e excesso de investimentos em alguns setores. Ex-funcionário público na China (filiado obrigatoriamente ao Partido Comunista), o economista do HSBC crê que a transição política será lenta, mas que já há sinais de mudança na cultura do partido. A seguir, os principais trechos da entrevista de Hongbin ao Valor, em passagem rápida por São Paulo.”